The Mexican Report – 14 meses (Primeiros passos, massapão, e primeiro ano de escola)

O Mexicano cresce bem e, pelo que se vê, feliz. É indiscutível que a mãe continua a ocupar um lugar de alguma proeminência na sua hierarquia afectiva, mas acho que já subi vários patamares nesses domínios, e posso dizer com entusiasmo que quando a mãe se retira e o deixa nos meus braços, ele agora só chora durante uns três segundos. Passados estes três segundos, em que parece que alguém lhe arrancou o buço com cera, ele olha para mim em faz uma expressão do género “ok, tu serves”.

E a verdade +e qe
Vai da indignação à felicidade em dois segundos.

Embora já tenham passado dois meses do primeiro aniversário, gostava de referir que a festa do primeiro ano do Mexicano também correu extremamente bem. O facto de não ter chegado ninguém quando já tinha passado meia hora do início marcado da festa, antecipou em mim o principio de uma angústia terrível de um primeiro aniversário traumatizante, mas à medida que as pessoas chegavam e que a sangria até estava boa, a angústia foi substituída pela realização de que para ele este dia provavelmente não era mais que uma feliz coincidência de ter encontrado muita gente conhecida a um Sábado à tarde.

E não quero ter um desses blogs, mas tenho de vos confessar que alguém lá em casa fez questão de aderir ao conceito de designer cake, uma proposta que não sancionei, porque me parecia um exagero gastar tanto dinheiro numa escultura descartável de massapão, mas isto foi até ver (e provar) o bolo:

Bolo aniversário Mexicano
Tinha preferido comer uns tacos ou uns burritos, mas não estava nada mal.

Entretanto o Mexicano também começou a escola. Tínhamos preferido que ele ficasse em casa durante este ano, mas devido a um alinhamento fortuito de características pessoais na pessoa que ia ficar com ele (incompetência, falta de brio e desinteresse geral por ser mais competente e ter mais brio), decidimos pô-lo na escola. A adaptação tem corrido bem, tanto a dele como a nossa, e o aspecto mais violento é mesmo a exposição às doenças e demais porcarias que decorrem de espaços fechados frequentados por muitas crianças e pessoas que lidam com crianças. Em relação à questão do frio e das constipações, não vou voltar a esse assunto, mas tenho reparado e é impressionante a quantidade de pessoas que continua a achar que é mais perigoso o frio que apanha no caminho para a escola do que o facto de passar sete horas numa sala com as janelas fechadas e dez miúdos ranhosos.

Voltarei à escola – e às espirais de constipação – noutro post, mas estou (não-ansiosamente) à espera de mais reuniões de pais e acontecimentos do género festa de Natal.

Entretanto, não vale a pena evitar mais o assunto mais premente nas vossas cabeças. Consigo sentir os vossos dedos inquisidores na rodinha do rato, ou a vossa dedada impaciente no ecrã de toque do telemóvel, e a resposta é não, o Mexicano ainda não anda. Se esta não era a pergunta mais importante na vossa cabeça, peço desculpa, mas ando um pouco agastado com esta questão.

Os livros, os especialistas e a Internet, dizem que a etapa de desenvolvimento do andar acontece, normalmente, entre os 10 e os 18, 19 meses. Como acontece nas outras etapas, aplica-se a máxima sã do cada criança tem o seu ritmo e, excepto casos óbvios de que algo está errado, só há motivos para alerta quando se passa o tal limite da normalidade. O ser humano parece ter algumas dificuldades em lidar com intervalos de tempo tão grandes. Se o sobrinho começou a andar aos 11 meses, o filho da vizinha aos 12 meses, e o não sei quantos que nasceu três semanas depois dele e já participa em provas de marcha.

Parece eu a sair da passadeira quando corria no ginásio.
Parecem eu a sair da passadeira quando corria no ginásio.

Na escola, em casa dos avós, em convívio com outras crianças, gera-se sempre um ambiente de semitensão em relação ao facto do Mexicano ainda não andar, que depois degenera numa competição não-assumida de “vamos ver quem é que o vai por a andar primeiro” entre a família e a escola.  Pior, para quebrar este ambiente, a tendência natural das pessoas é dizer algo do género “ah, é só preguiçoso”, e é aqui que normalmente a coisa fica mais irritante, porque dizer que uma criança de um ano é preguiçosa, porque prefere o gatinhar como meio de locomoção mais eficiente, está ali na fronteira do ofensivo e do ignorante, na cabeça de um pai ofendido claro, para as pessoas normais nada disto faz sentido.

E depois isto tudo leva-nos a outra questão: porquê a pressa? Claro que me entusiasma a ideia de ter de estar ainda mais atento e ter mais preocupações com a exploração do meio ambiente que advém do reforçar da mobilidade adquirida, mas não me faz grande diferença se isso acontece amanhã ou daqui a dois meses, até porque sei que, a partir do momento em que ele conseguir andar (e correr), vai demorar muito pouco tempo até que ele consiga – sem grande esforço – correr mais rápido e mais longe do que o pai. E isso parece-me um pouco embaraçoso. Não tenho pressa.

E a verdade é que há pessoas que nunca aprendem a andar, e não deixam de ser felizes.
E  há pessoas que nunca aprendem a andar, e não deixam de ser felizes.

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15 Comments

  1. AINDA NÃO ANDA???cOMO??Até a amália já anda. E corre. ahahahaha
    beijinhos ao Mexicano que pode não andar mas gatinha que é uma beleza e isso é muito mais difícil.

  2. Muita paciência é o que vos desejo!… Essas pressões e comparações irritam-me solenemente e não têm qualquer fundamento!…(só serve para encher o ego aos pais que pelos vistos, ainda andam um pouco equivocados).
    Acho que deve ser um pouco semelhante com a história de deixar a fralda (ainda anda com a fralda??? ai que porcalhão!)
    Relativamente ao mexicano, ele é que é esperto porque assim move-se muito mais rápido e sem correr grandes riscos (a natureza sabe o que faz) e descansa porque ele não vai estar com 20 anos e continuar a gatinhar! É só uma questão de tempo! 😉
    E pessoalmente, não há nada que ache mais giro do que ver um bébé gatinhar!! Acho o máximo!!!! 😀

    • É giro ver um bebé gatinhar, mas confesso que nesta época de vírus e porcarias sempre que o vejo no chão fico a imaginar que as mãos dele estão com aqueles “alertas vermelhos” de anúncio de sabonete antibacteriano… Mas pronto, os miúdos têm que explorar, cair, sujar, etc!

  3. A Ana já corre maratonas: sai todos os dias à noite, de colete fluorescente vestido, e vai queimar calorias. E depois chega a casa e come bagas de goji.

    Não é que o teu filho seja subdotado, a minha é que é um génio (podemos entrar na competição dos dentes?)

  4. Isso não é ser preguiçoso, é ser esperto 😀 Se ele de gatas vai muito mais depressa para quê se dar ao trabalho. A minha foi assim também, 15 meses e meio foi quando se decidiu 😀

  5. Ah Ah Ah!!! Acho que sei porque ele não anda… é que tem medo que o pai lhe leia algum dos posts que escreve e ele cair de costas de tanto rir (eu já ando há uns bons anos e sento-me sempre), por isso de gatas é mais seguro.

    • Por enquanto é mais barulhos de animais que posts engraçadinhos, mas o que importa é mesmo ouvir aquele barulho de ele a rir 🙂

  6. Sim, porquê a pressa? O meu pequeno começou aos 14 meses, precisamente, e também havia quem achasse que ele já estava atrasado… Um ano depois estamos na fase “ainda de fraldas?”. Haja paciência…

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