O que eu gosto de ler

nota: publiquei, sem querer, uma versão de rascunho deste post. Faltam links, revisões de sentido, e, possivelmente, alguma concordância. De qualquer maneira o post é logo enviado para a as pessoas que recebem no e-mail, portanto decidi não apagar, e também o novo normal blablabla.

O Pocket foi das melhores coisas que aconteceu na minha vida de leitor. A seguir a ter crescido numa casa cheia de livros e revistas. E à Internet, aos feeds de RSS, ao Google Reader (paz à sua alma). O Pocket serve para guardar textos, artigos, posts, para ler mais tarde. É perfeito para reading hoarders como eu, que acumulo mais do que consigo ler.

Mudámos de casa e demos cinco sacos de supermercado, daqueles grandalhões que não são de plástico ou de papel (acho que se dizem “de ráfia”, mas não sei se corretamente) cheios de livros. Eram livros que não tinha lido, nem me interessariam ler, Dan Browns, um Rodrigues dos Santos, a biografia do Obama em português, mas custou-me de qualquer maneira. Se um dos meus filhos tiver mau gosto para livros, nunca me irá perdoar.

A eminente extinção do aborrecimento é uma tragédia, mas eu tenho 41 anos e se tenho de aproveitar a fila do supermercado para ler um uma peça da New Yorker sobre máquinas a tentar escrever como humanos, ou o passar das senhas para o balcão do Instituto dos Registo e Notariado para levar com um ensaio do Aeon sobre rivalidades académicas na área da linguística ou aproveitar uma viagem de metro para ler um ensaio do Shea Serrano sobre o Dr. Cox dos Scrubs – é a vida.

Deve haver uma expressão Sillicon Valleyana para isto, tipo “life hacks”. Mas não é mais do que tentar fazer o possível do tempo que resta depois do trabalho, dos filhos, da relação, e do trabalho que é ter filhos (e uma relação).

Nestes tempos de ameaças globais, pandémicas, fascizantes ou sociais, a leitura também pode ser mobilizadora. Talvez seja por isso que tenha andado a passar mais tempo no Twitter do que no Facebook. No Twitter há mais extremos, mas as linhas do conflito estão bem delineadas. É fácil seguir as pessoas certas, mantendo os outros no radar. No Facebook em cada grupo de vizinhos, e cada primo afastado, em cada conhecido de secundário há um chegófilo cada vez mais inchado. Ou pior.

Valha-nos a existência de pessoas de bem que insistem em criar conteúdos que vão redimindo a criação cibernética do andróide Mark Zuckerberg. Sejam as reflexões pessoais da Isabel, os resumos da semana do MC Somsen, ou o entusiasmo das Senhoras da Nossa Idade com as coisas realmente importantes da vida.

É bom que nestes tempos tenhamos acesso instantâneo ao Miguel Esteves Cardoso a escrever sobre limões ou ao Brian Philips a prestar tributo a uma escritora de romances históricos de que nunca tinha ouvido falar. Mas também é importante pensar no que podemos fazer para melhorar o estado geral das coisas, no que for possível. Queria mesmo conseguir ler mais livros.

E agora? Podem ir à página dos melhores posts (escolhidos por mim), subscrever o blogue por e-mail (se forem esse tipo de pessoa), ou fazer 'gosto' na página do Facebook e ter acesso a mais paisanices:

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