A resposta do João Miguel Tavares

O João Miguel Tavares, num registo de impecabilidade, resolveu comentar e deixar um link para o meu post anterior, e ainda teve tempo de agarrar na minha provocação da “infalibilidade do Papá” e aplicar-lhe um golpe de judo, reclamando-a como legítima para o seu lado da argumentação.

Em jeito de remate às conclusões que apresentou: concordo  quando diz que as crianças precisam de sentir segurança por parte dos pais, sejam estes do género que de vez em quando lhes dêem uma palmadinha no rabo ou que gostem de abrir um livro e ler teorias sobre educação, mas não consigo chegar ao “nada bate a infinita sabedoria dos pais”. A minha  misantropia latente leva-me a desconfiar sempre da sabedoria das pessoas, sobretudo depois de andar pelas caixas de comentários de jornais e blogs, além de achar que ‘infinita sabedoria’ é um oximoro. Mas percebo o que quer dizer. E também entendi aquela ameaça final de vir cá deixar os quatro filhos durante um dia para eu ver o que é bom para a tosse – admito que provavelmente não durava uma hora.

Provavelmente havemos é de voltar a discutir o conceito de “toda a educação é uma forma de violência”, com o qual faço questão de discordar. Mas acho que ainda haverá uma ou outra pessoa a querer saber como terão acabado as férias de Verão, e, como já estamos a meio em Outubro, é melhor dar prioridade a isso.

Às pessoas que parecem ter ficado bastante indignadas com este descaramento de por em causa toda uma instituição milenar e familiar, quase como tivesse insultado todos os paizinhos e as mãezinhas da história nacional, ofereço este gif para apaziguar os ânimos:

tenham calma estamos só a conversar
E se forem do género de gostar de gifs e de Big Lebowski, por favor voltem sempre.

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2 Comments

  1. “Às pessoas que parecem ter ficado bastante indignadas com este descaramento de por em causa toda uma instituição milenar e familiar (…)”, pois é André, aqui tocou mesmo na raiz do problema. Numa das minhas contribuições que deixei no blog do João Miguel Tavares falei exatamente sobre esta questão e foi mais ou menos assim:
    Todos os comentários são de pessoas (na sua maioria enquanto pais ou mães), mas também o são enquanto filhos e filhas que foram, na sua maioria, educados à “boa” maneira antiga. A diferença é que uns(umas) continuam a reproduzir o modelo a que foram sujeitos em crianças sem o questionar, outro(a)s evoluíram nesse sentido e perceberam que hoje em dia (depois de todos os progressos que fizemos no que diz respeito à forma como vemos a condição humana) já não faz sentido continuar com esse modelo de disciplina (os meios não justificam os fins). O problema reside exatamente no facto de muitos de nós termos sido educados à palmada, ou seja, não conseguimos (ou é-nos muito difícil) aceitar que outros métodos possam ter os mesmos resultados. Por isso é que se chama ciclo vicioso e por isso é tão difícil de quebrar.
    Eu também fui educada à palmada, não fiquei traumatizada por isso (pelo menos penso que não) e entendo que os meus pais naquele tempo faziam o melhor que sabiam. No entanto, hoje temos mais informação, mais ferramentas ao nosso dispor, ou seja, temos obrigação de sermos melhores a esse nível. Só não somos porque nos é mais confortável reproduzir um modelo que connosco terá funcionado o que nos dá uma pretensa segurança enquanto pais, em vez de parar para pensar, perder tempo para encontrar outras estratégias que tememos que podem não resultar.
    Mais uma vez volto a lembrar que ausência de castigo físico não significa ausência de disciplina nem é sinónimo de violência psicológica ou de pais perfeitos que não erram. Eu falo por mim, erro muito, perco muitas vezes a cabeça como qualquer ser humano, mas reconheço o meu erro e tento fazer melhor no dia seguinte mas nunca bati e das vezes em que senti o impulso para tal tive a certeza que se o fizesse seria para descarregar a frustração que sentia no momento e não para educar.
    Adorei o seu contributo para a discussão, voltarei cá mais vezes (não conhecia o blog).

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