Férias: Parte 2 – Férias em Casa

(ler primeira parte).

A segunda semana de férias, por motivos de ordem conjectural, contextual, condicional e causal, decidimos passar em casa. Até estava entusiasmado com a ideia de ter uma semana de férias em Lisboa. Ser uma espécie de turista na própria cidade, de que outra maneira poderia embebedar-me às cinco da tarde, dizer gracias nas lojas ou apanhar taxistas malcriados ou embriagados (ah, espera, este já acontece)? Claro que passar férias em casa não tem nada de revolucionário, há bastantes apologistas do conceito. O que eu não sabia é que, ou são pessoas que não têm alternativa – dinheiro -, ou então que têm casas na praia.

Casa de praia da Celine Dion.
Tipo a Celine Dion.

É que quando se passam férias em casa há qualquer coisa que não funciona bem. É uma sensação familiar mas desconfortável, e que não tem a ver com o facto de estarmos numa casa que conhecemos bem. É uma outra dimensão, que ao início temos alguma dificuldade em identificar, mas que se vai imiscuindo aos poucos na nossa relação com o período de descanso, até que percebemos o que é esse pequeno pormenor que nos está a incomodar. É a realidade.

E a realidade é que, mesmo em férias, continua a existir uma casa para arrumar e limpar, assuntos para tratar nos correios, demasiados livros por ler, filmes demais para ver, uma televisão e um sofá, cães para passear três vezes por dia, idas ao supermercado, e um bebé que dorme duas sestas por dia, acorda às oito da manhã e se deita às nove da noite. E é no intervalo destas coisas que a pessoa tenta passar férias. Quais férias?

Claro que nem tudo era mau. E foi uma semana em que aconteceram coisas importantes. Como a primeira ida à praia do Mexicano. E aqui encontrámos outro problema. A escolha da praia.

Praia de carcavelos
Sim, por baixo destas pessoas, existe uma praia.

Numa decisão que esconderemos para sempre dele, fomos à praia de Carcavelos. Não há nada de errado com a praia de Carcavelos, passei muitos Verões praticamente a morar na praia de Carcavelos. Mas toda a gente com carro e bom senso  sabe que não se vai à praia de Carcavelos em Agosto. A praia estava tão cheia de gente, que as toalhas ficaram mais perto da marginal do que da água.

Depois veio o primeiro contacto do Mexicano com a areia. Foi um pouco anti-climático. Ficou estático, com uma expressão entre o enojado e o temerário. Não se queria mexer, tipo “este chão está estragado”. Em retrospectiva, o problema talvez não fosse a areia, mas sim a incredulidade de o termos levado à praia de Carcavelos em pleno Agosto.

Entretanto, também foi a altura do primeiro banho de mar.

Bebe enrolado por onda
Tinha umas ideias para umas brincadeiras divertidas à beira-mar, mas a Ana achou mal.

Lá o levámos ao colo em direcção da água. O mar estava calmo portanto não houve grande problema ao entrar. O verdadeiro problema foi quando a água lhe chegou ao joelho e o Mexicano gritou como eu gritei quando soube que o Ben Affleck era o novo Batman.

A melhor forma de perceberem de que tipo de grito falamos é ver, ou rever, esse clássico do YouTube, o Best Cry Ever:

Mas o resto da semana até acabou por correr bem. Resolvemos esforçar-nos por sair de casa mais cedo (às 15 da tarde) e fomos recompensados por uns incríveis fins de tarde no Portinho da Arrábida. Além disso, uma das noites, abri um Porta da Ravessa de 1990 que, contra todos as adversidades (a maior delas ser um Porta da Ravessa), tinha envelhecido com uma bestial dignidade.

(Continua na Parte III – 4 realizações sobre as férias)

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10 Comments

  1. LOL!!! Não consigo parar de rir com a descrição da imagem do bébé quando toca a areia pela primeira vez!! é que é mesmo assim!! Que pensamentos passarão naquelas cabecinhas??? É tão gira a reação deles!!

    • É uma das coisas mais engraçadas de ser pai, sobretudo para quem gosta de pensar nas coisas, quase descobrir o mundo outra vez (através de outra pessoa). 🙂

  2. AHAHAHAHHAHHAH
    Também me ri com a do “chão está estragado”, mas o best cry ever é merecedor de uma bela gargalhada!!
    EHEHEHEHEH, onde vai buscar esses gifs? (o segredo é a alma do negócio?)

    • Excelente questão. =) Por hábito vou coleccionando GIFS nas minhas aventuras pela web. Se preciso de alguma coisa específica faço aí umas 20 buscas até encontrar o que quero. Este GIF em particular tive que o fazer a partir de um vídeo porque fiz as 20 buscas e não encontrei o que queria. É um método, haverá outros. 😎

      • Vou ter que ser sincero, eu estou a fazer uma colecção de gifs animados À Paisana (assim para disfarçar).

  3. Sinto isso todos os fins-de-semana, esse toque da realidade. Podia ser um toque semelhante aos do Facebook, que ninguém liga, mas tem mais uma sensação de toque rectal. (ok, talvez não seja a melhor analogia de todas)

    A primeira vez do Gui na praia foi síndrome panado, a missão dele era, perante 4 toalhas de praia em modo piquenique, tentar encontrar a brecha que lhe permitisse meter as mãos na areia e, com aparente felicidade, comê-la. Felizmente deu para intervir a tempo, utilizando o que gosto de chamar “ajuda cinematográfica”, que consiste num radar que todos os pais dispõem de colocar o tempo em slow motion, dando-nos tempo de intervir..

    • Ou o famoso bullet time, do Matrix. Isso daria uma série de sketches potencialmente divertidos, para quem se diverte com pessoas sujas de cocó ou vómito projectado em camera lento, claro está.

  4. Carcavelos em Agosto…marco histórico na vida do Little Mexican. Poderá vir a processar-te mais tarde…

    Conheço quem tenha feito timesharing da toalha para rentabilizar o Agosto nessa localidade.

    • Aahahah, já li relatos de pessoas que iam deixar a toalha na praia durante a noite para poderem chegar à tarde com sítio reservado. Não sei se é mito urbano-balnear, mas é bonito.

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