Fazer 36 anos: uma colecção de momentos, erros e gifs

A semana passada teve alguns episódios marcantes.

No início da semana, o meu filho perguntou-me se eu era amigo dele, eu disse que sim. Depois disse que gostava muito de mim e que eu era o herói dele. O miúdo ainda não tem três anos, e não sei se alguma vez vou ouvir isto outra vez. Foi um momento incrível.

Mesmo sabendo que ele provavelmente estava só a repetir o que tinha ouvido num desenho animado?

Claro que sim.
Claro que sim.

Depois fiz 36 anos, e nesse dia não fui trabalhar. Comi um palmier recheado ao pequeno almoço, bebi um galão, li um pouco no ipad e passei o resto da manhã a jogar Witcher (o 2, não o novo, que só compro jogos em saldos). Depois fui comer e beber para a Praia de Carcavelos com a Ana, e imaginei que aquela seria a minha vida se não precisasse de trabalhar.

officespace

Ainda nesse dia, enquanto calçava o Mexicano para o levar à escola, disse-lhe que fazia anos. Anuiu, pensativo. Depois perguntei-lhe se me dava os parabéns, e ele começou a choramingar. Foi um pouco constrangedor.

De alguma maneira acho que ele sabe que é patético quando alguém pede os "parabéns".
Acho que ele sabe que é patético um homem adulto pedir que lhe dêem os parabéns.

E depois, também cometi um enorme, gigante, erro de amador. Só percebi quando nos estávamos a preparar para sair para o “jantar de anos do pai”, como expliquei. Ao que ele perguntou: “o pai faz anos, onde está o presente do pai?”.

oh shit

A Ana já me tinha dado os presentes à meia-noite, como de costume. E agora estava ali a encarar a curiosidade solidária do meu filho – ninguém deu um presente ao pai! – com um reticente “ah, não há presente er… vamos jantar, é esse o presente”. E ele não ficou nada convencido.

Fiquei muito envergonhado. Desde pequeno que vi os meus pais a assegurar que havia sempre presentes para os filhos oferecerem ao pai ou mãe aniversariante. Senti-me um amador. Também não o tínhamos feito nos anos da Ana há uns meses. A grande diferença é que em três meses o Mexicano começou a fazer relações de causa efeito e a ter referências temporais. Já percebe que amanhã vem depois de dormir, por exemplo, ou lembra com grande dramatismo um arranhão insignificante que tem no dedo e que já fez há alguns dias.

Mas ainda não consegui que fizesse isto com as sobrancelhas, caraças.
Mas tanta esperteza e ainda não consegui que fizesse isto com as sobrancelhas, caraças.

Claro que ele também ainda não é assim tão inteligente, portanto no dia a seguir tive um óptimo pretexto para ir à Fnac, comprar um livro do Mário de Carvalho que ainda não tinha lido, embrulhá-lo, para que ele mo pudesse dar ainda nessa noite. Ficámos todos felizes.

Incluindo o Mário de Carvalho.
Até o Mário de Carvalho.

Vou poupar-vos a grande elucubrações sobre a idade e o envelhecimento. Mas quero só dizer que descobri que o actor que fazia de Capitão Von Trapp no Música no Coração tinha 36 anos quando o filme saiu. Creio que não é suposto que a personagem do Capitão Von Trapp tenha 36 anos, mas o que interessa aqui é que ESTA É A CARA DE UM HOMEM DE 36 ANOS. Esta é uma cara de MATURIDADE, RESPONSABILIDADE, CONFIANÇA:

Não sinto nada que tenha uma cara destas.
Não é a cara de um homem que algum dia tivesse um ‘blogue’.

E para piorar, há uma semana tive a excelente ideia de rapar o cabelo à máquina zero. Agora não preciso de me preocupar se pareço novo ou velho, mas sim se as pessoas acham que fugi da prisão.

thedanger

Não sei bem como acabar este post, isto não era suposto ter ficado assim, mas acho que este vídeo vai ter de servir:

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5 Comments

  1. Parabéns, então! (Diz ao pequeno que te dei os parabéns, e que até vais receber uma prenda atrasada, que tem ainda mais piada; depois dirige-te à FNAC e diverte-te)

    Acho que o meu maior erro foi ler este post antes mesmo de ir trabalhar. Suspeito que se ouvir algumas das palavras-chave durante a tarde o pessoal vai ficar todo a olhar para mim quando começar a gargalhar.

    • Obrigado. 🙂 Depois podemos fazer como os bloggers blockbusters, e contrato um estafeta para entregar o presente. O meu filho vai ficar muito impressionado, ou não, ele anda muito emocional, nunca se sabe.

    • Era mesmo essa referência – I AM THE DANGER:

      danger

      (vir aqui falar em maturidade… no estado em que este blog está, folgo em ver que a parentalidade não te tirou a mordacidade) 🙂

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