Boas notícias para os fãs da trilogia original da Guerra das Estrelas: J.J. Abrams, o realizador do próximo filme, viu o vídeo “4 Rules to Make Star Wars Great Again” e disse que concordava com a ideia. A ideia, se ainda não viram o vídeo, é que a característica que torna os Star Wars tão bons (os originais), é serem passados na Fronteira:
No fundo reforça a ideia de que a Guerras das Estrelas, quando apareceu, era muito mais que um filme de ficção científica: era um épico, um filme de aventura – ou, de certa forma, um western.
Estas 4 regras são certeiras. Gosto muito de pensar no Star Wars como uma história passada na frontier, e, já agora, também gostava de acrescentar quatro sugestões:
#1 – Arranjem um protagonista com quem nos possamos relacionar
Seja mulher, homem, filho do Han Solo e da Leia, primo afastado do Luke Skywalker ou um gajo de quem nunca tenhamos ouvido falar, criem um personagem que tenha profundidade, motivação, não fale como um robô e que, de certa maneira, possa acompanhar o percurso da audiência na descoberta deste “novo” universo Star Wars. Os filmes mais recentes, além de não terem um protagonista claro, têm diálogos do nível de uma peça de liceu.

#2 – Dêem-nos novas ideias sobre a Força
Nos primeiros filmes a Força era uma energia misteriosa que estava presente em todas as coisas, uma espécie de misticismo new age misturado com filosofia oriental e não sei mais o quê, mas funcionava. Nos filmes mais recentes, a Força passava a ser algo que resultava de contagens de midiclorians e inseminava mulheres virgens. Era interessante sabermos mais sobre o lado místico da Força, evitando explicações pseudocientíficas, e explorando questões como o equilíbrio entre os dois lados, a possibilidade de não-Jedis (ou Siths) também manipularem a Força, e o facto de tanto os Jedis e os Siths representarem extremos de uma filosofia que pode ser interpretada de outras maneiras (como acontece em alguns dos jogos, ou livros), por exemplo.
#3 – Alarguem a mitologia do Universo Star Wars
Um dos aspectos mais interessantes dos filmes originais era o facto de começarem no Episódio IV, o que nos obrigava a tentar preencher o vazio de haver uma narrativa que já tinha decorrido. Lembro-me de imaginar o que seria a Guerra dos Clones que é referida logo no primeiro filme, de onde teria surgido o Império, ou como foram separados os gémeos, etc. Depois vieram as prequelas, que estavam tão obcecadas em responder a estas perguntas que não se importaram minimamente em criar uma mitologia interessante, apenas uma rede complexa de episódios políticos e personagens obscuros que rapidamente esquecemos.

#4 – E dispensamos coisas destas:

Estou contigo e com o vídeo. Quando vi o star wars, há mil anos, lembro me da cena que me prendeu irremediavelmente e para sempre, a cena que ainda hoje é a minha preferida: a cena do bar com todos os extra terrestres maus, aquele ambiente de conspiração cheio de criaturas nunca antes vistas mais a música a tocar. Era miúda, devia ter uns oito anos ou menos, e fiquei maluca com aquilo até hoje. E é esse lado, também, que é espectacular nos três últimos espisodios, juntamente com uma certa inocência que os primeiros perderam.
E será que ninguém fala do pequeno GRANDE pormenor de que no último episódio (antigo) o Luke e a Leia têm uma conversa sobre o facto de afinal serem irmãos e o Luke pergunta à Leia como era a mãe, ou seja, apenas o Luke tinha sido separado da mãe… a Leia ainda terá tido contacto com a mãe em pequena.Isso quer dizer que a mãe de ambos nunca poderia ter morrido no parto (ou de desgosto) como acontece no novo episódio…
Exacto. há quem se dê ao trabalho de tentar justificar a incompetência do George Lucas (enquanto argumentista) com a hipótese dela estar a falar da mãe adoptiva, o que não faz sentido nenhum. E até a morte de desgosto ele foi roubar ao Frei Luís de Sousa. 8)
Artigo interessante, para quem cresceu com a saga, como é o meu caso. Só discordo de uma parte do ponto 1: “têm diálogos do nível de uma peça de liceu”. Na realidade, isso acontecia desde o início. Em todos os filmes, os diálogos são paupérrimos.
O que cativou sempre foi o universo criado e simplicidade de um conto medieval. Infelizmente, não há um único diálogo minimamente interessante em toda a saga.
Boa questão. É verdade que os textos nunca foram brilhantes, sobretudo no primeiro filme, mas melhoraram substancialmente no Império Contra-Ataca, e no Regresso de Jedi, com o Lawrence Kasdan envolvido na escrita dos guiões, e o George Lucas longe da cadeira de realizador. Quando digo melhoraram, não estou a dizer que passam a ser “interessantes” do ponto de vista textual (nesse ponto concordo inteiramente), mas ajudam a contar a história, e, pelo menos, não despertam aquele sentimento de vergonha alheia (pelo menos em mim), que é frequente nos filmes mais recentes.
Há outra grande diferença, o registo irrepreensível do Alec Guiness (ainda que contrariado), do Harrison Ford e do James Earl Jones (também conta) conseguem suavizar um pouco esse problema nos filmes originais. Nos novos filmes o Ewan McGregor é claramente o único a tentar (a Natalie Portman nem por isso), mas sozinho não vai lá.