7 Razões para não ter filhos

Um amigo meu perguntou-me, depois de andar a ler este blog, se eu já tinha comprado discos absorventes não vá a lactação manchar-me as camisas. O meu amigo é um idiota, mas é por isso que eu gosto dele, e por causa disso vamos baixar um bocado os níveis de oxitocina por aqui.

Aproveitando a popularidade do post / artigo recente do João Miguel Tavares, um dos pais de quatro, sobre as 10 razões para ter filhos, eu, que tive alguma dificuldade em chegar a uma razão, resolvi tentar enumerar motivos para não ter filhos. Foi fácil! Talvez fácil demais. É verdade que sou pai, mas são 5 meses contra 33 anos de não-paternidade, estas coisas não se esquecem assim com tanta facilidade (sobretudo quando são 4 e meia da manhã e queremos dormir). Eu avisei que isto era uma espécie de daddy blog.

#1 – Qualquer um pode ter filhos

Pensar que aqueles malucos que andam pelas caixas de comentários dos jornais, nos blogs, no facebook (eu sei, mas sinto-me mal em não aceitar convites), têm ou vão ter filhos, que vão educar com as suas lógicas retorcidas e argumentos insanos, tira o sono a qualquer pessoa. Imagino estas pessoas a falar em balões de CAPS LOCK e erros ortográficos, e a criar um exército de pequenos lunáticos que se indignam com tudo e por nada.

É que o verdadeiro problema de qualquer um poder ter filhos (um direito que não quero tirar a ninguém) é pensar que se tivermos filhos ele vão ter de conviver com estas pessoas. Sim, é bem possível que o filho de um dos maluquinhos que deixa 50 comentários por dia no Público se vá sentar ao lado do nosso filho na escola.

#2 – Quem tem filhos está fora do que se passa

Muitos pais que conheço ouvem a mesma música que ouviam há 10 anos (se ainda ouvem música), só vêm televisão generalista, e o Modern Family, vá, e 95% das conversas que têm acabam por estar relacionadas com crianças. Ver televisão generalista, na nossa geração, é o primeiro sinal de que se desistiu, acabou, já não vale a pena.

Vocês sabem do que estou a falar. Ainda não têm filhos, mas já têm amigos com filhos. Um dia vão jantar a casa deles, a televisão está ligada na TVI, o Michel Bubblé ou a Carminho na aparelhagem, o jantar é carne assada e não há cervejas no frigorífico, só vinho. E quando o anfitrião, ou anfitriã, vos abriu a porta de casa, vocês viram alguma coisa nos olhos dele que vos rogava “foge e não olhes para trás, vai, amigo, corre com o vento”. Tarde demais.

#3 – Todos aqueles sonhos e aventuras – desaparecem

Ser responsável pela felicidade e bem-estar de uma criança, providenciar-lhe tudo aquilo que achamos essencial para que se desenvolva e prospere, envolve sacrificar uma série de coisas. Viajar dois anos pelo mundo, deixar crescer a barba até à cintura, ou ir até à Austrália jogar boxe com os tubarões – todos estes sonhos que eu tinha, foram esmagados pela responsabilidade de ter um filho. O bom é que agora, assim que me passar o rancor, vou poder viver estes sonhos através dele, obrigá-lo orientá-lo no sentido dele fazer as coisas que eu queria ter feito e não fiz – é um plano razoável.

#4 – Criar um filho para ter sucesso no mundo de hoje é criar um imbecil

Qualquer pessoa que trabalhe em organizações com mais de dez pessoas (duas?) já deve ter percebido um padrão: 80% dos cargos de poder estão dominados por psicopatas (um conjunto de características que determina a sua competência, dizem os estudos) ou por pessoas que a única coisa que fazem bem é relacionar-se com os outros e criar a ilusão de que trabalham.

Há uma teoria que diz que a inteligência deixou de ser uma característica determinante na propagação da espécie, tendo sido substituída por uma espécie de imbecilidade maquiavélica. Pensem nos líderes nacionais, europeus, mundiais, o que quiserem, e têm aí o modelo perfeito da pessoa que tem sucesso hoje em dia, e do tipo de pessoa que o vosso filho tem de ser para poder sobreviver.

 

Pois.

#5 – Ter filhos custa dinheiro

É verdade que o dinheiro não compra felicidade, mas compra: cuidados de saúde, educação pré-escolar, livros escolares, comida de qualidade, actividades extra-curriculares, produtos farmacêuticos, mobiliário diverso, vacinas não obrigatórias, idas ao Jardim Zoológico, roupa que os impeça de levar porrada na escola, etc. etc. Se pensarmos em tudo o que podemos fazer com esse dinheiro se não o gastarmos em filhos, bem…

#6 – A espécie humana vai acabar

98% das espécies que já existiram no planeta estão extintas. Acho que todos percebemos o que isto quer dizer, certo? Quer dizer que, mais cedo ou mais tarde, a espécie humana vai deixar de existir. Simpático.

Isto quer dizer que o argumento da propagação da espécie não faz qualquer tipo de sentido. Estamos a ter este trabalho todo para quê? Vem um asteróide, a combinação da atmosfera altera-se, o Sol transforma-se numa Gigante Vermelha – acaba tudo. É como naquele filme do Último Destino: o Universo quer acabar connosco, só precisa de algum tempo, uma banheira gigante e um electrodoméstico à mão. É verdade que provavelmente só vai acontecer daqui a milhões de anos, mas também pode acontecer amanhã. Durmam bem.

#7 – Não gostar de crianças

Um argumento totalmente compreensível.