Lembro-me bem do entusiasmo que as partidas de xadrez entre o Kasparov e o IBM Deep Blue geraram nos anos 90 (pelo menos na minha cabeça). Homem vs. máquina numa das competições mais intelectualmente exigentes. Foram dois anos seguidos. Em 1996 vibrámos com a vitória da Humanidade. Em 1997 tentámos ignorar a derrota. O Kasparov também tinha direito a ter um dia mau.
Quase dez anos depois, a IBM apresentou ao mundo o”primo” do Deep Blue – o Watson. O Watson não era grande fã de xadrez, mas sim especialista em Jeopardy, o popular concurso de perguntas e respostas dos Estados Unidos. O computador derrotou dois campeões passados do concurso, e levou para casa doou a caridade 1 milhão de dólares. Os 15 terabytes de memória devem ter ajudado.
Nos últimos tempos a IBM tem estado a converter o Watson numa série de aplicações comerciais, como ferramentas de diagnóstico para oncologia; e no início deste ano apareceu um Kickstarter para desenvolver brinquedos com inteligência Watson – os CogniToys.
O potencial disto é incrível, as questões que trazem também. Por um lado parece que é “só” o enfiar de uma Siri dentro de um dinossauro de plástico, e pô-la a falar com crianças. Mas um brinquedo é muito mais do que isso, um brinquedo entra no imaginário de uma criança de maneiras que o nosso cérebro de adulto tem alguma dificuldade em perceber.
Além disso, estes “brinquedos” podem ser ferramentas incríveis de ensino e aprendizagem. Podem ensinar línguas, fazer companhia, desenvolver capacidades lógicas. E isto enquanto também vão aprendendo e adaptando-se com os inputs das crianças. Aposto que este dinossauro até ensinará melhor que muitos professor que andam pelas escolas (algumas pedras da calçada também).
Depois vem a ideia dos nossos filhos passarem horas a falar com um “robô”. E de tentar imaginar que tipo de conversas têm eles com esse robô, e que tipo de limites pode tem um programa de conversas que está ligado à Internet. E quem programa esses limites?
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