Esta semana dois artigos são uma revisitação de tópicos que têm aparecido por aqui nos últimos tempos, educação sexual infantil e questões de género. Não foi propositado, mas foi o que apareceu. O terceiro é sobre o percurso da Heather Armstrong, uma das mommy bloggers mais populares da América.
Evito falar aqui de blogues (às vezes prefiro pensar que não existem, e sim eu sei que isto também é um blogue, é complicado, desculpem), mas é um texto interessante também pelas questões que levanta sobre ser mulher na Internet, lidar com críticas, anónimos, trolls e a evolução do meio.
The case for starting sex education in kindergarten – PBS.org
Não bastava aos holandeses poderem-se gabar de comprar erva decente em cafés e ter um mercado de trabalho licenciado que não obriga toda a gente a trabalhar oito horas por dia, agora também lhes deu para ter Educação Sexual a partir dos 4 anos. Chamam-lhe “Educação para a Sexualidade” e, a julgar por este artigo da PBS, fazem-no com uma abordagem muito interessante, abordando questões relacionadas com imagem corporal, género, identidade, conforto com intimidade, etc. Podemos ter uma discussão de fundo, interessante, sobre se deve ser à escola que cabe este papel. Mas para isso teríamos de assumir que a educação familiar pode ser alternativa para reforçar valores como “diversidade sexual” ou “assertividade sexual”. Acho que (ainda) não pode.
“By law, all primary school students in the Netherlands must receive some form of sexuality education. The system allows for flexibility in how it’s taught. But it must address certain core principles — among them, sexual diversity and sexual assertiveness. That means encouraging respect for all sexual preferences and helping students develop skills to protect against sexual coercion, intimidation and abuse. The underlying principle is straightforward: Sexual development is a normal process that all young people experience, and they have the right to frank, trustworthy information on the subject.” (artigo completo)
Papas, please let your babies grow up to be princesses – Medium
Um dos debates importantes sobre os estereótipos de género e a relação das mulheres com o mercado de trabalho, relaciona-se com a baixa representatividade das mulheres no mundo STEM: Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. A Sara Chipps é programadora e CEO da Jewelbots e argumenta neste texto que, embora o arquétipo da princesinha Disney possa ser considerado limitativo, não significa que gostar-se de princesas e de coisas girly seja anti-ciência. É uma perspectiva muito interessante, saudável, e acho que aponta uma excelente direcção: apostar na diversidade, deixar que cada um goste do que gosta – sem limitaçõse. As princesas também podem ser cientistas, se quiserem.
“Bringing diversity to science and technology doesn’t mean that we socialize everyone as a white or asian male. We shouldn’t try to shoe-horn girls in to our own concepts of what the childhood of a scientist looks like.
By saying “forgo girly things for things that will get you interested in engineering” we’re saying “if you want to be girly, you cannot also be a technology creator, an inventor, and a world changer”. We’re teaching girls to change who they are in order to effect change as an adult.” (artigo completo)
A Woman’s Place Is on the Internet – New Yorker
Um artigo sobre o papel das mulheres na Internet ilustrado pelo percurso da Heather Armstrong do blogue blockbuster – dooce.com. A autora que passou de desempregada a blogger, depois transformou-se em mommy blogger, publicou vários livros e hoje está a tentar afastar-se do blogue e a posicionar-se como consultora de marcas e public speaker (palestrante?). Fala também da emergência das novas plataformas de comunicação, e do ódio que a máquina da Internet é capaz de gerar.
“Armstrong also wrote about the perils of online self-revelation: of finding herself the object of sometimes violently critical judgment from those who disagreed with her politics or her child-rearing practices, or who disapproved of her entire practice of making the private public. Over the years, Armstrong’s self-presentation came increasingly to include a preëmptive self-consciousness about how her critics would see her.” (artigo completo)
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