Li na Net: Geração sem Rede e um texto ‘velha guarda’ sobre a Era da Parentalidade

Ando com um certo delay em relação às minhas leituras, mas não queria deixar de referir, e comentar, o bom artigo do Público sobre a “geração da net” que saiu em Abril. Para complementar, uma opinião conservadora, mas enternecedora, sobre a evolução de ser pai, da paternidade e da parentalidade, nas últimas décadas.

‘A geração da Net está sem rede’ – Público

Este artigo do Público sobre a “geração Magalhães” (que não sei se é uma designação melhor ou pior que ‘nativos digitais’) é interessante, sobretudo, pela recolha de testemunhos dos miúdos. É engraçado perceber quão diferente é a paisagem da internet que estes adolescentes exploram em relação àquela que nos habitamos, ou a que descobrimos quando tínhamos a idade deles. Sim, a deles tem mais ameaças, mas também é muito mais criativa e vibrante.

Há outros pontos notáveis, mas este chamou-me a atenção:

‘Os jovens “perderam a capacidade de seleccionar discursos diferentes para audiências diferentes. Não têm consciência de que o que dizem estará disponível para vários tipos de públicos”. E, se as campanhas educativas têm sido bem sucedidas no que respeita às práticas de prevenção da criminalidade através da Internet, falta toda uma educação para a cidadania no que respeita ao uso consciente da Rede.’

Esta ideia de que os miúdos não sabem filtrar ou adaptar o discurso na internet parece ser contrariada pela já famoso êxodo (algo exagerado) dos jovens do facebook. A capacidade de seleccionar discursos parece existir, o que já é menos claro é a noção de que se está na Internet também está disponível para 4 mil milhões de pessoas. O artigo depois também relaciona isto com o nível socioeconómico dos pais, e o facto de que, nas famílias mais pobres, as crianças são mais vulneráveis aos riscos. Não contesto, mas tenho algumas dúvidas que nas classes mais altas, mesmo havendo mais controlo, se perceba bem a web, as suas mecânicas e limites (a julgar pelo meu facebook, não). Acho que a tal “educação para a cidadania” devia ser para todos, não só crianças.

Ler artigo – http://www.publico.pt/sociedade/noticia/a-geracao-da-net-esta-sem-rede-1691262

‘From Parent to Parenting’ – Commentary

Não imaginei que fosse citar um artigo  de uma revista que “emergiu como um bastião do neoconservadorismo [na América] dos anos 70“, mas o título provocatório desta crónica chamou-me logo a atenção. É inegável que esta transformação da condição de Ser Pai (um facto da vida) em Parentalidade (um láife-stáile? um segmento de mercado? um posicionamento?) tem coisas boas e más, como prova a existência de um blogue como este – deixo ao vosso critério o qualificativo em que o querem inscrever. O interessante neste artigo é não ser um ensaio de comentário sociológico, mas sim a visão de um homem de 78 anos sobre o que significa ser pai.

O texto tem passagens deliciosas, como esta (sobre o pai):

‘When, at the age of 18, it was time for me to go to college, my father told me that he would of course pay for my college education, but since I had shown so little interest in school, he wondered if I wouldn’t do better to skip college. He thought that I would make a terrific salesman. This, you have to understand, was intended as a serious compliment; one of two I remember his paying me’.

Esta (sobre os filhos),

‘Children, according to Dr. Spock and Dr. Freud, needed to be made to feel secure and loved. I couldn’t do much about the first. But I proclaimed my love a lot to my sons, so often that they must have doubted that I really meant it. “You know I love you, goddamnit,” I seem to recall saying too many times, especially after having blown my cool by yelling at them for some misdemeanor or other.’

Ou esta, sobre a neta:

‘[T]he culture made me become nothing less than a hovering, endlessly bothering, in-her-face grandfather. (Pause for old Freudian joke: Why do grandparents and grandchildren get on so well? Answer: Because they have a common enemy.)’

Há algumas coisas para discordar neste artigo, como a assunção final, mas nada disso é importante para poder apreciar este texto como uma peça pessoal, sentida e – sobretudo – vivida, de um filho, pai e avô, que tentou sempre fazer o melhor que soube. Recomendo mesmo.

Ler artigo https://www.commentarymagazine.com/article/from-parent-to-parenting/

 

 

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