ou tentar escrever, um post grande, uma espécie de ensaio em que discorria sobre as razões de ter um blogue, de escrever (ou não escrever) e no patético que é a minha motivação para fazer algo que – supostamente – gosto, depender da validação de (poucos) estranhos. E também sobre o significado do falhanço, da incongruência de nos compararmos com pessoas que não respeitamos, e da percepção que as pessoas gostam é de conteúdos pouco originais, aborrecidos ou maus. E mais outras desculpas de perdedor.
Mas não vou fazer isso. A autocomiseração dá trabalho e o solipsismo requer talento. A ideia de falhar num texto sobre o falhanço seria hilariante se não fosse deprimente (para mim) e indiferente (para todos vós).

Um dos problemas é que sempre que penso em voltar a escrever no blogue tem de ser algo SUPER DIVERTIDO E INFORMATIVO E INTERESSANTE, o que requer pesquisa, horas de escrita e reescrita, andar a vasculhar pelas imagens indicadas e mais horas de escrita e reescrita – um processo que ainda não percebi se gosto ou não, mas que nunca me apetece iniciar.
Desta vez decidi contrariar os meus instintos, e resolvi fazer apenas… isto. Há umas teorias que dizem que quando a motivação não anda alta, mais vale estabelecer objetivos pouco ambiciosos. E, felizmente, isso é algo em que tenho cada vez mais experiência. Portanto, este post = objetivos pouco ambiciosos, por favor não se zanguem.
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Entretanto, e já que estamos num daddy blog, os meus filhos estão óptimos. O Mexicano, a quatro meses dos cinco anos, está a caminho de se tornar um ser humano autónomo que nos deixan dormir de manhã e consegue investigar se o jogo da baleia azul é uma cena real ou não.
Já toma 90% de banho sozinho (os 10% que faltam são porque depois ignora a toalha que ficou ao pé da banheira, e aparece nu na sala a pingar água por todo o lado). Ainda assim, continua a chuchar como um viciado em crack e está obcecado pela colecção dos animais do Pingo Doce.

A Xica, a três meses dos três anos, descobriu uma maneira – aparentemente – eficaz de lidar com o mundo e as emoções. Fora de casa é uma menina doce, tímida e bem comportada; dentro de casa parece um diabo da tasmânia que ralha com o irmão, grita com os pais (ou para os pais?) quando é contrariada, e combina os instintos cómicos de um Jim Carrey (faz umas caretas incríveis) com a boçalidade dos Malucos do Riso (ri-se dos próprios puns).
Eu continuo com os meus momentos de anormalidade, a mãe atura-nos a todos, e o cão biruta como sempre. Tudo normal e salutar, portanto.
Entretanto, também decidi voltar ao ginásio. Não sei se tecnicamente ainda se pode dizer “voltar” quando não se vai ao ginásio há mais de dez anos. O problema é que o ginásio ao pé casa não tem vagas, portanto vou adoptar a estratégia desta mãe:
Já tinha saudades!
🙂🖖
Oh, André
Tão bom! Obrigada pela gargalhada final com a fitness mom
Quanto ao início do post, confesso-me uma daquelas pessoas nada resolvidas e isso vê-se nas ausências que já fiz no blog. Sinceramente, cheguei à conclusão de que há um grau de solidão na falta de feedback que contribui para a desmotivação. Se fizer uma retrospectiva, naqueles dias em que se geraram grandes tertúlias consigo, com a mãe sabichona, havia uma consequente torrente de posts. Acho que pode ser um factor. Acontece comigo.
Gostei das novidades dos pequenos. Os meus estão enormes.
Beijinhos
Olá, Cipreste 🙂
Sim, a questão do feedback. Por um lado, é óptimo haver feedback, como comentários. Por outro, a ausência de feedback também pode não querer dizer nada. Acontece com frequência gostar muito de um post e não comentar (ou porque demoro tempo a escrever ou porque sinta que não tenho nada de relevante a acrescentar). Pior ainda quando entram likes e facebooks. Ter um post com 1/10 dos “gostos” que o anterior teve, por exemplo, pode ser duro. Mas esse post pode ter-me dado o dobro do gozo a escrever do que o outro, e isso também tem algum valor (mas deixando de ser desmotivante). É complicado. 🙂
E depois, claro que o papel que o facebook pode ter na disseminação de um texto, é incrível, e sinto mesmo uma gratidão genuína quando vejo pessoas a partilhar e a gostar de coisas que escrevo… Mas pondo de parte a minha alergia a saudosismos, a Internet de facto era diferente antes de haver botões de gostos (ainda hoje li um artigo interessante sobre esse assunto, dá algum alento – http://theatln.tc/2nV9oGg ).
A questão da dinâmica de grupo, ou de comunidade, nas ideias, na inspiração, também é super importante. Tenho alguma pena de ter percebido isso relativamente tarde. Hei-de de voltar a esse assunto.
beijinhos!
nunca comento, mas como incentivo, aqui vai: welcome back!!
p.s.: adoro a palavra “biruta”.
Obrigado 😀
Como podes ver pelo delay, eu estou aqui.
E tu, espero eu, estás aí.
E o mundo continua à nossa volta.
Como tal, vai fazendo alguma coisa sempre que te apetecer, que a rotação da terra vai fazer com que tudo chegue a mim, com o gozo de ler o que chutas por aí, mesmo que seja para falhar em grande 😉
Ahahah, meu caro, agradeço as palavras, e a (sempre) passagem. 🙂
Por falar em falhanços, dado o teu historial com o LJ23, houve schadenfreude este ano pelo facto do homem ter perdido mais umas finais, ou deste por ti a contorcer-te com o estranho que é o melhor jogador da NBA ser o underdog do momento? (basket de qualidade, no entanto, nunca é motivo de queixa).
A nível de final deste ano, tivesse o homem ganho e estava pronto para dizer que os 4 títulos dele eram superiores aos 6 do Jordan e, como tal, a conversa do GOAT ia pender para ele. Deste modo, reconhecendo que a discussão é válida, dá vantagem Jordan.
Triplo Duplo de média numa final contra uma das melhores equipas dos últimos 20 anos? Give the man some kudos. No entanto, o seu feitio passive-aggressive e, a meu ver, a falta do carisma que outros históricos tiveram, não ajuda nada (declarações a seguir à final ‘Ah, mas eu nunca me juntei/joguei numa super equipa’, tststs, escusado)